Sempre me intrigou o motivo pelo qual algumas pessoas relutam em viajar. Para mim, cada viagem é uma fonte de euforia, seja qual for o destino ou o meio de transporte - carro, avião ou ônibus. No entanto, para muitos, isso gera uma ansiedade profunda.
Lembro-me vividamente de um conhecido que passava por verdadeiros apuros nos dias que antecediam e no dia da viagem. Intrigado, comecei a refletir sobre essa questão. Seria o desconforto de deixar para trás o lar, os pertences, a segurança familiar? Para mim, viajar sempre foi uma experiência gratificante, especialmente após os meus 9 anos. Mas por que essa idade específica? Foi ao revirar minhas lembranças que encontrei a resposta.
Até completar meus 14 anos, ou talvez um pouco antes, meus pais e tios tinham o hábito de viajar muito. A cada feriado, alugávamos uma casa no litoral norte e partíamos animados pela estrada. Era um ritual emocionante - "vam bora!" -, percorrendo todo o litoral, de Bertioga até Paraty. As praias paradisíacas compensavam o cansaço da jornada, embora nem tudo fosse tão simples quanto parecia. Como uma criança curiosa, absorvia cada conversa dos adultos, sempre alerta para o temido "o carro pode quebrar!". Minha mente fértil imaginava o pior e, durante essas viagens, eu chorava rios de preocupação.
No entanto, ao chegar à praia, o cenário mudava completamente. O sol brilhava intensamente, a água cristalina convidava para mergulhos revigorantes. O retorno para casa no último dia era o início de um ciclo de ansiedade renovado, até que minha mãe, com sua paciência de mãe, me explicou calmamente: "Se o carro quebrar, o guincho nos leva para casa. Não há com o que se preocupar!". E assim, o sol sempre brilhava para mim, mesmo nos dias de chuva - ou "Ubachuva", como costumávamos chamar.
Anos depois, reencontrei esse amigo e todas essas memórias vieram à tona. Expliquei-lhe como esses momentos me fascinavam e inspiravam, especialmente desde que comecei a compartilhar histórias em meu blog. Adoro ouvir sobre a emoção de viajar, os preparativos meticulosos, os desafios superados. Decidi então fazer a ele uma pergunta indiscreta. A resposta foi tão surpreendente quanto reveladora.
"Rapaz, você sabia que, naquela época, eu morria de medo da minha esposa ao volante?"
Fiquei surpreso e, entre risos, respondi: "Ah, entendi! Sempre achei que ela dirigia muito bem!"
Ele riu e completou: "Quase isso!"
sem pensar respondi: "Desculpe, mas as mulheres dirigem muito melhor que os homens. Minha mãe sempre foi um exemplo disso para mim!"
Nossa conversa continuou por horas, repleta de risadas e memórias compartilhadas. Aquela revelação tornou nosso encontro ainda mais especial, mostrando como as viagens não apenas nos levam a lugares, mas também nos conectam a histórias e pessoas únicas. Até breve, com mais histórias para contar e lições para aprender!
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